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terça-feira, 22 de março de 2016

Carícias do Silêncio

Nota do autor: Você pode ler este texto ao som de ''Calling you - Jeff  Buckley''
''Eu estou te chamando
Não consegue me ouvir ?
Eu estou te chamando!!!''

A sensação de estar só pode parecer para muitas pessoas uma motricidade do medo, ou até mesmo do desespero. Ninguém quer se deparar com a solidão, encaram esta situação como sendo algo triste ou até mesmo desolador. Porém, há muito mais por detrás do silêncio do que muitos imaginam.
Uma das cenas mais marcante do cinema pra mim é de Pulp Fiction; a cena se passa em uma lanchonete onde é dito para John Travolta ''você sabe que encontrou alguém realmente especial quando pode calar a boca por um minuto e compartilhar confortavelmente o silêncio''. Caso não tenha visto o filme, é recomendado que o veja. Assim, poderá entender que o silêncio acima de tudo pode ser muito confortável.
O silêncio é um momento de apoteóse, uma sensação de comunicação consigo mesmo, é o momento em que sua alma entra em íntimo contato com seu corpo; ter a certeza de que você tem um espaço no mundo, e que este espaço depende muito das suas vontades e anseios.
Por diversos momentos me coloquei refém do silêncio com o intuito de me posicionar sobre as mais diversas situações e desencontros que a vida tratou de me impor. Julgo que estes momentos de profunda reflexão foram bastante pertinentes e esclarecedores algumas vezes. O som ligado em uma play list a qual insisto em taxá-la como ''pessoas interessantes'', apesar de não saber ainda por onde andam essas pessoas; talvez não existam, ou talvez tenha me tornado mais exigente com a realidade.
O que posso esclarecer com toda a certeza do mundo é que se o silêncio incomoda em uma relação, sinto dizer, mas talvez você não tenha encontrado a tal pessoa especial. Por que suportar o silêncio, o vazio, o esboço do nada, e se sentir em paz pela companhia é sinal de cuidado, de que você se sente seguro, logo, é sinal de que você está no caminho certo.
Voltando para o silêncio em sua fase monóloga, são momentos como estes que me fazem perceber o quanto tenho a respiração presa, falta de fôlego, talvez medo de promover uma ligação com sensações que busco esquecer, as mesmas que me recordam o início de reações adversas. A fusão de todas estas peças acabam gerando uma intensificação de todo sentimento e consequentemente um aumento instantâneo do devaneio o qual estaria contido no momento. É neste instante que a racionalidade é absorvida e eliminada como um medicamento que chega ao seu limite de efetividade. A emoção, os sentimentos, chegam a níveis intracelulares e tudo passa pela sua cabeça; a insegurança e mais uma vez o receio de ter sido refém de uma pedra que superou suas forças em um caminho que você não faz ideia de onde vai chegar.
Lembre-se que no fim, saem as cascas e os diálogos, os assuntos do dia e os retalhos. Ficam os gestos, as mãos livres, o peito aberto, alguém apaga a luz. É nessa hora que você sente se deve partir ou se consegue ficar.
No fim do dia, quando tudo tiver se esvaído e ido embora, só restará o som do silêncio.




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