Sentimentos em vão...

Ela estava no bar, sozinha, tomando uma cerveja, quando ele se aproximou. Não disse nada, nem se apresentou, mas desde aquele momento ela teve certeza: era um príncipe! Um homem jovem, bonito, elegantemente vestido, os cabelos loiros e lisos devidamente penteados. Príncipe, sim. E a grande aventura que ela sempre esperara estava enfim acontecendo.

Sorrindo, o príncipe fez um imperceptível gesto de cabeça. Ela levantou-se e o acompanhou. Saíram juntos do bar, embarcaram no grande carro que os aguardava. Sem uma palavra, como se fosse algo ja escrito, o chofer deu a partida.

Rodaram algum tempo pela cidade e depois pelo subúrbio; e não trocavam uma palavra, apenas o príncipe e ela. Olhavam-se, às vezes, e quando se olhavam, sorriam, mas nada diziam, por que não parecia necessário dizer nada naquele momento. Chegaram à casa de campo, e era bem como ela imaginava. Uma grande casa, situada no meio de um imenso e bem cuidado jardim. O mordomo esperava-os na porta. Então subiram de imediato para o andar superior. O príncipe abriu a porta de um quarto e ali estava, como ela imaginara, a larga cama ricamente bordada. Com um suspiro, caiu nos braços dele e sem muita cerimônia iniciaram os beijos e gemidos, que culminaram em poucos instantes com um intenso ato sexual. Depois ele abriu o vinho que estava no balde prata; sorrindo sempre, e sem dizer uma palavra sequer.

Ficaram ali em silêncio, tomando o vinho. E de repente, ela não pôde se conter e disse com os olhos brilhando;

-Você reparou que a gente não disse uma palavra desde que nos encontramos ?!

O homem tentou detê-la, mas era tarde demais. Naquele momento, o rosto do príncipe começou a criar bolhas, seus olhos incharam e a pele começou a derreter como um cubo de gelo em pleno deserto.

Aos prantos, ele disse: -Acorde querida, você está atrasada.

Abriu os olhos e lá estava sua querida mãe, na beira de sua cama, a chamando para o colégio.