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domingo, 6 de novembro de 2011

Cegos Olhos

Por muitas vezes me interessei em andar pelas ruas da cidade em noites vazias. Sozinho, procuro sentir o que aquele ar urbano tem a me oferecer. Sempre me senti a procura de algo, que não sei bem ainda o que é. Observando as pessoas que vão passando, observo um camelô, presto atenção em um bêbado, num engraxate, que solitário cumpre seu trabalho, numa prostituta.
Ontem, tive a graça de me deparar com uma mulher, seus traços e sua expressão condenavam-na ter por volta de 40 anos . Era negra, e se encontrava completamente embriagada. Ela cambaleava, e se locomovia a muito custo, com a ajuda de um pedaço de madeira o qual se encontrava em péssimo estado de conservação. Vendo aquela cena, me veio a mente que aquela mulher seria o Mundo ! Claro, é o que fizeram do mundo. Ela cambaleava mediante a bebedeira, a perna torta e um cabo de vassoura, era o que eu via. Conseguia caminhar uns três metros, mas logo caía, estatelava-se no chão. Após cair ao chão, com muito sacrifício conseguir levantar.. Caía novamente. Via presente a perseverança daquela mulher, a vontade de caminhar, de continuar mesmo com uma enorme dificuldade.
Num certo momento, ela atravessou a avenida. E, no meio da avenida, entre os automóveis que passavam por ali, ela caiu... Caiu e não conseguia mais levantar sozinha. Alguém tinha que ajudá-la. E lá ela ficou, no chão, caída, apenas ela e os carros que passavam ao seu redor. Passavam Opalas, Fiats, Corcéis... E ninguém sequer olhava para ela. Os carros passavam e a mulher ali: jogada como um bicho ferido, ou até mesmo como um lixo, descartado por algum motorista sem modos. Sabe que ali na rua, eu chorei. Por aquela mulher ? Eu chorei. Nem sei se chorei por ela, por mim, ou se chorei pelo mundo.

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