A história de minha vida começa em 23 de abril de 1937, data esta a qual simboliza cinco dias após meu nascimento e também o dia em que assinaram o formulário de minha permanência neste orfanato.Em 1947, minha alma já se definhava juntamente ao meu corpo o qual era aos poucos vencido pelo cansaço. Cansaço este não só pelo fato de ter que limpar constantemente os quase 30 dormitórios do orfanato, mas também de ter todos os dias a frustração de esperar uma família linda e feliz como aquelas dos filmes americanos, familia esta a qual nunca aparecia diante os imensos portões de madeira. O que me restava, era esperar...
Diante toda minha estadia naquele local, tudo que eu mais queria era uma mudança de vida, a qual eu descobrira em fim que só aconteceria se eu fizesse algo urgente !!
Tudo estava calmo no orfanato, ja era noite, as luzes estavam apagadas, as portas fechadas e o unico movimento presente nos corredores era do vento que batia suavemente na janela a qual promovia um movimento de vai e vem. Com muita cautela, fui até o porão, onde estavam as ferramentas necessárias para minha fuga. Já com os equipamentos em mãos, me dirigi até o grande portão de entrada e como num ato de desespero comecei a estraçalhar o cadeado.
Naquele momento, o porteiro que ja percebera algo de estranho vinha em minha direção, como em um ato heróico arremecei um punhal sobre sua face a qual com alguns instantes ficara irreconhecivel. Naquele mesmo instante, admirei o corpo que se encontrava em minha frente, e como forma de preservar minha existência o parti em pedaços guardando cada parte em um saco preto o qual levei junto a mim em minha jornada.
Hoje, dois anos após minha fuga, vivo pelas ruas as quais me proporcionaram ter uma liberdade a qual eu tanto almejava enquanto presa. Os unicos companheiros que tenho são os animais, os quais possuidores de uma total irracionalidade trazem para mim um maior conforto e bem estar.
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